quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Crianças e adolescentes com deficiência vão a sessão de cinema pela primeira vez durante 'festival acessível' em Natal

Evento acontece até esta quarta-feira (10) no Campus Central do IFRN. A entrada é gratuita.

Por Sérgio Henrique Santos, Inter TV Cabugi / G1


Festival de Cinema Acessível Kids acontece até esta quarta-feira (10) em Natal.
Foto: Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi

Natal recebeu uma sessão de cinema bem concorrida, nesta terça-feira (9). Muitos foram ao cinema pela primeira vez. A diferença para uma sala comum é que não havia bilheteria, a programação era gratuita. A plateia era formada por crianças e adolescentes cegos, ou com baixa visão, síndrome de down e autismo, entre outras deficiências.

Várias instituições foram convidadas, como os 27 alunos do projeto Incluir e Crescer, do IFRN.

"É uma forma de inclusão social. Esse projeto proporciona o cinema para as pessoas que normalmente não tem oportunidade", diz Aline Matias, instrutora do projeto Incluir e Crescer.

A sessão do filme Malévola, com Angelina Jolie, foi exibida como parte da programação do Festival de Cinema Acessível Kids, que acontece no auditório do Campus Central do IFRN entre os dias 8 e 10 de agosto.

Os filmes são dublados, têm audiodescrição das cenas para quem não enxerga, linguagem brasileira de sinais para quem não houve e legendas descritivas para quem não sabe Libras. Detalhes que fizeram diferença para estudante Brunno Henrique Ferreira Costa, que é cego.

"Tem sempre o problema, nos cinemas comuns, de não ter a audiodescrição. A gente sente falta. Está lá os atores falando, aquela emoção, mas a gente não sabe o que está na imagem, fica aquela dúvida", diz Brunno.

Aprovado pela Unesco e com ajuda do Criança Esperança, o cinema acessível já foi assistido por 17 mil pessoas em 35 cidades brasileiras. Surgiu em Porto Alegre (RS) e, neste segundo semestre está passando por capitais como Natal, Brasília e Campo Grande.

"Serve para que pessoas, crianças, jovens, adultos, com deficiência e sem deficiência, estejam na mesma sala, com a oportunidade equiparada de entendimento e emoção que o cinema traz para todo mundo", afirma Sid Schames, criador do festival.

O projeto surgiu por iniciativa do filho de Sid. David, que atualmente tem 15 anos, não pôde assistir uma sessão de cinema com o pai quando tinha 8 anos.

"Eu queria ir numa sessão e meu pai disse que eu não poderia porque tinha um filme impróprio. Eu fiquei muito bravo e fiquei pensando por muito tempo nisso. Depois tive a ideia de criar o festival, porque percebi que não só eu estava sendo excluído dessa grande oportunidade, como todas as crianças", contou.

O Festival de Cinema Acessível Kids inclui todos os públicos. As pessoas que não têm deficiência puderam exercitar a empatia. Os ouvintes receberam uma máscara para poder acompanhar a sessão com audiodescrição.

Para crianças que veem com as mãos, ouvem com os olhos e falam por gestos, a moção do cinema toca o coração. A estudante Sabrina Oliveira Ferreira, que nasceu com baixa visão, traduz o que sente na sessão de cinema.

"Eu consigo ver um pouco, tenho 10% de visão. Eu acho esse programa incrível porque dá para qualquer pessoa assistir ao filme, desfrutar bem o filme", disse.

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