quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Papai Noel aprende Libras para conversar com crianças surdas em SP

O Papai Noel José Mario dos Santos Graciano, 68, que aprendeu libras e se comunica com Ana Beatriz Alves Aguiar que nasceu com deficiência auditiva profunda bilateral.Credito: Divulgação / Colinas Shopping DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM
José Mario Graciano, 68, conversa com Ana Beatriz Aguiar, 8, que nasceu com deficiência auditiva

Quando duas irmãs pararam à sua frente sorrindo sem dizer uma palavra, José Mário dos Santos Graciano, 68, não entendeu o porquê de elas não responderem às tradicionais perguntas e brincadeiras do Papai Noel.

Discretamente, o pai delas revelou o motivo do silêncio. Eram surdas.

"Então pensei: 'O abraço é um gesto de carinho que todos entendem'. Sorri para elas, abri meus braços e elas vieram felizes, se sentiram acolhidas pelo Papai Noel", disse Graciano.

Foi naquele momento que ele decidiu aprender Libras (Língua Brasileira de Sinais).

"Percebi que só aprendendo a linguagem de sinais eu poderia dar oportunidade para as crianças surdas levarem seus pedidos ao Papai Noel, sentirem verdadeiramente a magia do Natal", afirmou o petroleiro aposentado, que há 13 anos personifica o Papai Noel em shoppings e festas familiares em São José dos Campos (SP) e cidades próximas.

Esse primeiro encontro com crianças surdas aconteceu há cerca de quatro anos, Hoje ele ainda não se considera fluente em Libras, mas já consegue se comunicar muito bem com elas, quando atua como o bom velhinho em um shopping da cidade.

"Vou continuar aprendendo para ficar cada vez melhor, a felicidade dessas crianças ao perceberem que Papai Noel consegue falar com elas é muito gratificante, compensa qualquer esforço", disse Graciano.

A proximidade das festas de fim de ano alegra a estudante Ana Beatriz Alves Aguiar, 8. Ela nasceu com deficiência auditiva profunda bilateral e usa Libras para se comunicar.

Ana Beatriz conheceu o Papai Noel Graciano em 2015 e, desde então, vai visitá-lo para conversar e fazer o seu pedido de Natal. Este ano, foi ganhar uma boneca Cinderela.

"Essa iniciativa é muito importante para as crianças com deficiência auditiva. Elas sentem uma felicidade imensa quando são compreendidas pelo Papai Noel", disse Edna Maria Alves da Silva, mãe de Ana Beatriz.

A pequena Jamilly, 4, deixou a timidez de lado e deu muitas gargalhadas ao lado do Papai Noel Graciano. "Eu fiquei surpresa, minha filha é muito tímida, retraída. Mas com o Papai Noel ela se soltou, ficou muito feliz mesmo por conseguir conversar com ele", afirmou Yasmini Ribeiro Bastos, mãe de Jamilly.

As duas estudantes foram ao shopping com um grupo de crianças assistido pela AADA (Associação de Apoio ao Deficiente Auditivo) da cidade.

"As crianças se sentem surpresas e felizes quando em um ambiente diferente do familiar e institucional encontram pessoas que compreendem a linguagem de sinais", disse a psicopedagoga Jussara Alvarenga, da AADA.

"Poder ir a um lugar como o shopping e conseguir conversar com o Papai Noel é uma felicidade muito grande para elas".

No shopping, Graciano divide a função de Papai Noel com Paulo do Canto Hubert, de 73 anos. A escolha dos dois representantes foi estratégica: Graciano se comunica em libras e Hubert, em inglês.

"Encontramos o senhor Paulo, que fala inglês, o que é fundamental aqui na nossa região, recebemos muitos estrangeiros", afirmou a gerente de marketing do shopping, Margarete Sato.

Tânia Campelo para Folha de S. Paulo

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Como são as festas de fim de ano na vida de um Asperger?



As festas de fim de ano se aproximam, será que elas fazem alguma diferença na vida de pessoas que sejam Aspergers?

Como ajudar sua criança com autismo nas festas de fim de ano - Parte I
Como ajudar sua criança com autismo nas festas de fim de ano - Parte II

Hoje nosso artigo irá discutir a respeito do questionamento feito acima, como é de conhecimento de todos, na próxima segunda, comemoramos mais um Natal e posteriormente teremos a comemoração de mais um novo ano que se inicia.

Mas será que para um Asperger, essas comemorações, possuem algum significado diferente, do que para o resto das pessoas a seu redor?

Nunca é demais lembrar que nos dias atuais o Asperger é classificado como o grau mais leve do autismo, e é parte dos Transtornos do Espectro do Autismo (TEA).

Pessoas que sofrem com esse transtorno, tem em sua essência uma dificuldade na interação social e ainda alguns problemas com sua coordenação motora, porém podem levar uma vida bem próxima de uma pessoa “normal”.

As festas de fim de ano, são muitas vezes um tempo que para algumas destas pessoas que tenham o TEA em suas vidas, dias bem estressantes!

Isso porque, alguns destes indivíduos, não gostam muito de alguns acontecimentos que tendem a serem naturais de ocorrerem nestas datas.

Abaixo iremos citar 5 coisas que podem incomodar um Asperger, nas comemorações de fim de ano!

  1. Abraços: Como é de conhecimento de muitos, boa parte destas pessoas que carreguem o TEA em sua essência, não são muito chegados a contato fisico, como um abraço e quando chega o natal e o ano novo, muita gente tende a querer abraçar essas pessoas, mesmo sabendo que estes não “curtem” muito o ato!
  2. Quebra de rotina: Já citamos diversas vezes aqui no blog, que um Asperger tende a seguir uma rotina muito bem definida para tudo que faz em sua vida, e nestes dias de fim de ano, devido a muitos fatores externos, estes tendem a acabarem sendo privados de seguir sua rotina a risca!
  3. Ansiedade: A ansiedade é outro aspecto muito comum em pessoas que tenham o TEA em sua vida, como já citamos por aqui, essas pessoas tendem a planejar o que vão fazer com muita antecedência e muitos ficam pensando um pouco mais do que deveriam nas festas de fim de ano e assim podem acabar ficando ansiosos!
  4. Mudança de ambiente: Algumas famílias tem o costume de passar as comemorações de fim de ano, em outros lugares que não em sua casa, e isso pode incomodar e muito essas pessoas que tenham o TEA consigo!
  5. Preocupação em agradar: Sim essa é uma preocupação que temos quase certeza que 99% das pessoas que tenham o TEA, desejam em qualquer situação de suas vidas, e nas festividades de fim de ano, isso é ainda mais evidente .Isso porque o contato com a família se torna maior nestas ocasiões e o Asperger, tende a se preocupar com algo que possa fazer, ou ainda falar e assim acabar causando algum desconforto entre seus familiares ou ainda amigos. Engana-se quem pensa que essas pessoas não se preocupam com quem estejam a suas voltas!
Bem os aspectos citados acima são alguns dos que mais incomodam algumas dessas pessoas, quando dizemos isso, nos baseamos em casos extremamente particulares que temos conhecimento!

Fernando Azevedo para o oantisocialsite.com

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Adotar uma criança com deficiência: o que tem por trás desse ato?


Adotar sempre foi considerado um ato de amor. Mas adotar uma criança com deficiência é muito mais do que isso, é um ato de coragem e de muito afeto. Muitos pais estão dispostos a adotar, mas quando preenchem a documentação, mais de 70% afirmam não querer adotar uma criança com deficiência.

Na prática, esse lindo ato de amor não é fácil. Exige também uma preparação do casal, principalmente financeira para conseguir arcar com gastos de cirurgias e consultas regulares que ocorrem nestes casos. Mas dados da Corregedoria Nacional de Justiça mostraram que em 2015, houve 143 adoções de crianças e adolescentes com alguma limitação ou enfermidade – um aumento de 49% em relação a 2013. Os números são bons, mais ainda não são o suficiente, já que as crianças com deficiência acabam ficando de lado na hora da adoção.

A vida com uma criança deficiente



Os pais crescem, amadurecem junto com a criança

Quando uma mãe engravida o que mais deseja é que seu filho nasça com saúde. É o desejo de todas as mães. E quando ocorre da criança nascer com uma deficiência, tudo é desafio e, claro, adaptação.

Quando uma mãe ou pai vai adotar uma criança e escolhe aquela com deficiência, essa ação precisa ser comemorada. É uma atitude de amor, gratidão. Uma série de questões implicam nesta escolha, que não é fácil, nada fácil.

Todos os pais sonham em ver seus filhos com saúde, brincando, e quando eles têm deficiência, o processo pode ocorrer, mas é mais delicado. Os pais precisam aprender a lidar com as limitações dos filhos. É preciso paciência, tolerância. Nem sempre o que se planeja sai. Fazer uma atividade com uma criança com deficiência é se planejar, estudar os lugares, formas de se locomover.

Adotar uma criança com deficiência é não comparar, mas comemorar pequenas vitórias diárias. É aprender a amar mais do que a si mesmo e dar chance ao difícil, ao frágil.

Acima de tudo, é autoconhecimento, é mostrar para si mesmo que se têm todas as possibilidades de educar, de mostrar os caminhos, mesmo que estes tantas vezes sejam dolorosos e difíceis.

Adotar uma criança com deficiência é afirmar que a humanidade tem esperança, que existem pessoas capazes de amar incondicionalmente sem colocar a vaidade e perfeição em primeiro lugar, mostrar que é possível construir uma família sem os pré-requisitos exigidos da sociedade. É afeto, coragem, é viver e, claro, aprender.

Texto escrito por Angélica Fabiane Weise da Equipe Eu Sem Fronteiras.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

A criança com deficiência e sua família, realidade pouco conhecida

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Aline Alves e filha Yasmin, que tem autismo - Leo Martins / Agência O Globo

Em minhas duas últimas colunas tenho falado da família como fator preponderante em nossas vidas, baseado em minhas experiências profissionais e de estudos realizados. Vamos lá então falar mais um pouco das minhas experiências, dessa vez dando ênfase á realidade vivida por muitas famílias de crianças com deficiência.

Muito se tem visto muito se tem falado e pouco tem sido feito para mudar o quadro atual apresentado por essas famílias, no decorrer de minha atuação pude perceber que existe uma realidade que muitos desconhecem, talvez por isso não consigam mudar, ou até mesmo por falta de interesse.

Grande parte das famílias que chegavam a minha sala em busca de acompanhamento, relacionado à habilitação ou reabilitação, não tinham a figura paterna presente em seu cotidiano, em grande parte dos relatos e isso eu digo com absoluta certeza, praticamente noventa por cento eram lideradas pela mãe ou outra figura do sexo feminino, ambas com o mesmo relato, “ele foi embora depois que descobriu a deficiência, não tinha afeto e nem paciência” (sic).

Até rimou, mas na realidade dessas famílias nada rima com nada, o dinheiro não sobra, elas não conseguem e não tem condições alguma de trabalhar fora de casa, à pensão é quase que sempre inexistente, elas não sabem o paradeiro do genitor.

Vida difícil, vida própria elas não tem, respeito menos ainda e quando estão exaustas e sem argumento, se entregam ao cansaço rotineiro da escola, hospital, defensoria pública, INSS e tratamentos aqui e lá.
Pouco se sabe dessa realidade, pouco se faz, lutamos por escolas com apoio qualificado para essas crianças, lutamos por dignidade para o acesso aos serviços públicos e privados, lutamos por acessibilidade aos meios de transporte, lutamos por tratamentos qualificados, por um mundo inclusivo e com mais amor.

Mas esquecemos delas, as guerreiras, que a cada manhã ao acordarem, se sentem sozinhas, isso quando dormem.

Nesse mundo tão cheio de pessoas, pessoas individualistas que só vão entender essa realidade quando passarem por isso.

Profissionais pela luta da causa têm em comum muitas vezes um sentimento de impotência, diante de tantas demandas e dificuldades enfrentadas por essas famílias.  Nós nos deparamos com a resistência dos órgãos públicos a falta de atenção e boa vontade quando encaminhamos uma mãe para uma defensoria pública, por exemplo, para requerer uma pensão alimentícia, os olhares a falta de atenção, quando encaminhamos a outro órgão qualquer, os relatos são semelhantes e negativos, infelizmente.

Será que alguém já parou para pensar como é difícil você se locomover com uma criança autista, ou com um cadeirante num transporte público?

Temos que nos colocar no lugar do outro e ter o mínimo de respeito antes de criticar, não sabemos da dificuldade nem podemos imaginar a dor do outro, o cuidado deve ser mútuo, as informações socializadas e as dificuldades de quem nos procura devem ser minimizadas, essas crianças merecem ter uma infância feliz e seus tutores serem privilegiados pela sociedade, para que possam ser adultos felizes.

Respeito, direitos e cidadania, a lei deve ser para todos e todos devem ser para a lei.

Essa coluna tem como base uma reflexão a cerca das famílias acompanhadas e atendidas por mim, pautada em minhas experiências profissionais.

Por Benilce para sulacapnews

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Criando uma criança deficiência auditiva


Não acho uma boa ideia encorajar crianças a serem diferentes. Com excessiva frequência ser “diferente” é uma ideia que pais e educadores inventam. Ela mascara sua própria dor ou os faz se sentirem úteis ao invés de ter valor algum valor real para as crianças. Tudo o que uma criança precisa é ter pais autênticos e empáticos. Isso significa pais que vejam, ouçam e aceitem seu filho assim como ele é. Eles lhe emprestam sua criatividade quando sabe que seu filho não vê um caminho a seguir.


Para uma criança com deficiência auditiva

O mesmo vale para pais que têm uma criança com deficiência auditiva. Os irmãos geralmente imitam as atitudes dos pais em relação à criança com perda auditiva. Todavia, se você como pai é excessivamente protetor ou ocupado com essa criança, isso pode afetar negativamente seus outros filhos. Eles podem começar a se rebelar porque têm limites diferentes. Um pai não deve dizer a seus outros filhos como devem pensar ou se sentir em relação ao irmãozinho com problemas. Ao invés disso, os pais devem encorajar os irmãos a serem curiosos ou honestos sobre seus sentimentos.

Mas eles ignoram o fato de que quanto mais seu filho é diferente das outras crianças, mais autoestima precisa.

Criando uma criança

Percebo que muitos pais gastam tempo demasiado se preocupando em desenvolver a autoconfiança de seu filho. Eles se certificam de que ele é capaz de realizar atividades específicas, como tocar um instrumento musical, e pensam que isso é suficiente. Mas eles ignoram o fato de que quanto mais seu filho é diferente dos outros, mas autoestima eles precisam. Autoestima é o que dá à criança amor-próprio em todos os aspectos da vida.

Imitação, não explicação

As crianças aprendem muito mais por imitação do que ouvindo explicações. Ao se comunicar, a fala transmite apenas 15% da mensagem. A comunicação visual é mais importante. Crianças com perda auditiva começam a ler e copiar comportamentos desde o nascimento. Descobri que muitos compensam a perda auditiva imitando as ações daqueles que os rodeiam. Você pode ajudar seu filho dando ênfase a suas ações e tornando muito fácil para eles ver o que você está fazendo.


Pais que ouvem, filho que não o podem

Em todas as famílias há provavelmente algumas diferenças em como se percebe o relacionamento entre pais-filho. Os pais podem lidar com essa diferença ao prestar atenção a seu filho. Isto inclui mostrar-se interessado e compreensivo ao observar seu filho crescer e aprender sobre o mundo ao seu redor. Ao mesmo tempo, faça tudo o que puder para que a criança perceba suas próprias emoções, pensamentos e reações. Seja claro e deixe-a perceber o que você está fazendo e o porquê. Desse modo ambos podem crescer juntos, mesmo que sua audição seja diferente.

Por Jesper Juul para MED-EL Blog

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Filme ‘Extraordinário’ incentiva campanha para realização de cirurgias de lábio leporino gratuitas


Foto: divulgação

O filme “Extraordinário” nem bem estreou e já está fazendo o maior sucesso! Tem muita gente dizendo que é o melhor filme do ano. Simultaneamente à estreia do filme no Brasil, que é hoje, dia 7 de dezembro, a Operação Sorriso lança duas campanhas para arrecadar fundos em prol das suas missões humanitárias.

Operação Sorriso é a maior organização médica voluntária do mundo, que já operou gratuitamente 5,2 mil pessoas em todo o Brasil e recentemente, fez parceria com a Paris Filmes para levantar fundos via crowdfunding e sessão especial de cinema. O protagonista do filme, o garotinho Auggie Pullman e os pacientes da ONG compartilham da mesma história de vida.

A primeira é um financiamento coletivo, que tem como meta alcançar 40 mil reais em doações, no período de 5 a 15 de dezembro. A segunda está relacionada à venda de ingressos nas salas da rede Kinoplex de todo o país, no dia 12 de dezembro. A arrecadação com os ingressos vendidos neste dia possibilitará que novas cirurgias de correção de lábio leporino e fenda palatina aconteçam gratuitamente em 2018. As ações contam com a parceria da Paris Filmes.

“Com estas iniciativas, conseguiremos recuperar a dignidade e autoestima de milhares de crianças e adultos fissurados de todo o país”, declara Ana Stabel, diretora executiva da Operação Sorriso.

Assim como Auggie Pullman, protagonista do filme, os pacientes da Operação Sorriso também enfrentam dificuldades de socialização e bullying devido à deformidade facial.

A partir do dia 5, interessados em participar da campanha de financiamento coletivo poderão fazer doações acessando o site da plataforma Kickante e ganhar brindes exclusivos do filme.

Confira os valores das doações e os prêmios equivalentes:

 

50 reais = fundo de tela digital​ Extraordinário.

100 reais = mini pôster e adesivo​ do filme.

​200 reais = um livro (à escolha do doador) da série Extraordinário, de R. J. Palacio.

1 mil reais = kit de 5 livros do filme e um presentinho especial da Operação Sorriso.

O objetivo é arrecadar 40 mil reais até o dia 15 de dezembro.

​Excepcionalmente, no dia 12 de dezembro, as salas de todo o Brasil da​ rede Kinoplex ​doarão um 1 real de cada ingresso vendido do filme “Extraordinário” para Operação Sorriso. Verifique as cidades participantes no site, aqui.

Fonte: Razões para Acreditar

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Instituição resgata qualidade de vida de pessoas com múltiplas deficiências


Quando Gabriela ouve as batidas do tambor e dos acordes das garrafas levanta a cabeça, bate os pés no chão e começa a acompanhar a melodia como se estivesse cantando. A garota, de 16 anos, com deficiências visual e intelectual é uma das pessoas com múltiplas deficiências atendidas pelo Centro de Apoio e Integração Surdocego e Múltiplo Deficiente (CAIS), uma das únicas entidades na região de Campinas/SP que realiza projetos e atividades voltados às áreas cultural e social com a finalidade de habilitar, reabilitar e realizar a inclusão as pessoas com surdo cegueira e múltipla deficiência sensorial.

A garota participa da oficina ‘Música para Sentir’, uma das atividades ofertadas pela entidade e que é ministrada pelo músico Ricardo Botter Maio, voluntário na instituição há quase uma década. Além da parte terapêutica, a música transmite emoção e dá sensação de prazer às pessoas com múltiplas deficiências. Elas reagem às notas musicais e interagem com os sons pelas vibrações que sentem. “Vejo evolução na maneira de se comunicarem comigo”, admitiu Ricardo.

Inspirado em um dos trabalhos aplicados pela equipe de orientação e mobilidade, Botter Maio escreveu a música ‘O menino que falava com os pássaros’. No arranjo da canção, a parte rítmica é feita pelos sons de apitos que imitam pássaros, que tem participação dos atendidos pelo CAIS, entidade parceira da Fundação FEAC. “Nesta atividade, levamos os atendidos para passeios no Bosque dos Jequitibás, até mesmo os que têm deficiência auditiva. Quando eles apitam sentem a vibração do som. Já os que têm a audição pouco comprometida podem depois ouvir o som dos pássaros que respondem aos silvos dos apitos”, contou a educadora Lilia Gonzaga Cardozo, formada em educação física e especializada em orientação e mobilidade.

Segundo Lilia, os atendimentos realizados pela organização são praticamente individuais. As famílias trazem as dificuldades e o trabalho é realizado de acordo com o que foi relatado. Existem os pré-requisitos, como a maneira deles usarem o corpo, caminharem, sentarem e levantarem. “Minha função é trabalhar a autonomia e isso compõe também a parte de terapia educacional, para ensiná-los a se vestirem, abrirem a mochila, dobrarem as roupas, guardarem os utensílios”, relatou.

As pessoas com surdocegueira apresentam problemas de comunicação e mobilidade, por isso demostram reações de isolamento. Precisam ser estimuladas com base nas habilidades que trazem da convivência com a família. A comunicação, muitas vezes, é feita por meio do sinal de Libras adaptado por intermédio de tato no corpo. Algumas destas pessoas possuem códigos de comunicação com a mãe. Entendem, mas não reproduzem.

Já a mobilidade tem a ver com o equilíbrio. Os profissionais do CAIS utilizam de vivências externas, na praça localizada na frente da instituição, para trabalhar com os atendidos com estímulos para que desçam e subam as rampas de grama e cimento e pisem na areia e em folhas secas. Esta exploração também é feita em praças maiores onde eles podem caminhar entre as árvores. “Isso dá uma sensação de liberdade. As pessoas que não escutam e não enxergam vivem presas dentro de casa”, concluiu a especialista em orientação e mobilidade. O trabalho desenvolvido pelo CAIS ganha destaque quando coloca a família no cerne do atendimento. “Busca introduzi-las nas atividades terapêuticas, assim como insere-se em sua dinâmica diária para que se obtenha um melhor resultado”, ressaltou Natália Valente, assessora social do Departamento de Assistência Social da Fundação FEAC.


Intervenção Precoce

O CAIS destaca-se como serviço essencial para efetivar a inclusão das pessoas com múltiplas deficiências na sociedade e levar conhecimento, visando romper barreiras que possam ser impeditivos para sua efetivação.

No caso deste público, quanto antes for trabalhado por meio de estimulação e reabilitação, melhor. Os dois primeiros anos de desenvolvimento da criança se dá por meio de movimentos repetitivos, exercícios de percepção, controle da motricidade e amadurecimento do córtex cerebral. “Por isso, a criança com múltiplas deficiências deve receber estímulos e incentivos mediados por exercícios com atividades lúdicas e através de um olhar transdisciplinar”, esclareceu a psicóloga da instituição, Paula Ramos Dias. A instituição atende hoje 41 pessoas de diferentes idades, de crianças a adultos.

Além dos atendimentos, desenvolve um trabalho de conscientização e esclarecimento à população sobre a surdocegueira e múltipla deficiência sensorial, principalmente nas redes – públicas e privadas – de ensino de Campinas e Região e em cursos de graduação nas universidades. Oferece ainda curso para profissionais da área de educação e saúde, com 40 horas/aula.

Por Claudia Corbett
Matéria extraída do Razões para Acreditar

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Agora é lei! Crianças com deficiência terão prioridade na adoção

Nova lei também dá preferência a irmãos e amplia direitos de quem adotar


Criança com deficiência: pais que se propuserem a adotar terão prioridade
Criança com deficiência: pais que se propuserem a adotar terão prioridade
Foto: Pxhere

Crianças e adolescentes com deficiência ou doença crônica serão prioridade na adoção e pais adotivos terão direitos trabalhistas de pais sanguíneos. Nesta quinta-feira, o presidente Michel Temer sancionou lei que tenta acelerar o processo adoção e que fixa prazo máximo de quatro meses para a Justiça autorizá-lo.

Além de crianças e adolescentes com deficiência, doença crônica ou “necessidades específicas de saúde”, grupos de irmãos também terão preferência na fila de adoção. Os pais adotivos passam a ter os mesmos direitos trabalhistas de pais sanguíneos, como licença-maternidade, estabilidade provisória após adoção e direito de amamentação — este garante que, até o filho completar seis meses de idade, a mãe tem dois descansos especiais de meia hora no trabalho.

A Justiça terá até quatro meses, prorrogáveis por mais quatro, para concluir a habilitação da adoção. Já o estágio de convivência que antecede a adoção não poderá passar de três meses. Nas adoções internacionais, o estágio de convivência fica entre 30 e 45 dias, prorrogável pelo mesmo período por somente uma vez.

VETOS

A lei sancionada por Temer, aprovada no Senado no último dia 26, teve quatro vetos. Em um deles, o presidente discordou do prazo de um mês sem contato da família para que recém-nascidos e crianças fossem cadastrados para adoção. Ele alegou que o período seria muito curto, e citou que mulheres no pós-parto podem ter quadros de depressão. Outro artigo vetado estabelecia que, caso representantes familiares não comparecessem a audiência para discutir a guarda da criança em abrigo, poderia haver decisão judicial para cadastrar a criança para adoção. Michel Temer afirmou que isso poderia sobrecarregar equipes que cuidam desses casos.

Além de alterar trechos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a lei sancionada nesta quinta-feira muda o Código Civil. Foi acrescentado mais um caso em que o pai ou a mãe perde o “poder familiar” — direitos e obrigações, incluindo a guarda —: entregar irregularmente o filho para ser adotado.

Na fila de espera por adoção, a geóloga Selma Aparecida Roriz, aprova as mudanças. “Ao longo do processo de adoção, os pais vão se abrindo para novas ideias”, diz.

MUDANÇAS

Prioridade

Preferência na fila de adoção para interessados em adotar grupos de irmãos ou crianças. Também passarão a ter prioridade quem quiser adotar adolescentes com deficiência, doença crônica ou necessidades específica de saúde.

Reavaliação

Reduz de seis para três meses o período máximo em que a Justiça deve reavaliar a situação da criança que estiver em abrigo ou orfanato ou em acolhimento familiar (quando voluntários que se dispõem a cuidar da criança até a adoção ou retorno à família biológica).

Habilitação

A Justiça terá até quatro meses, prorrogáveis por mais quatro, para concluir a habilitação da adoção. Já o estágio de convivência que antecede a adoção não poderá passar de três meses. Nas adoções internacionais, o estágio de convivência fica entre 30 e 45 dias, prorrogável pelo mesmo período por somente uma vez.

Direitos do adotante

Estende à pessoa que adotar uma criança as mesmas garantias trabalhistas dos pais sanguíneos, como licença-maternidade, estabilidade provisória após a adoção e direito de amamentação.

Fonte: Gazeta Online